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Cinema fica mais plural após sanção de dois Projetos de Lei; Filmes nacionais terão sessões no horário nobre dos shoppings, com cotas de telas

Em linha com políticas de fomento do mundo todo, as medidas sancionadas têm potencial de impulsionar o cinema nacional e gerar ganhos econômicos com novos empregos e fatia de receitas maior para o mercado nacional.



Você sai do trabalho, decide esticar até um cinema antes de ir para casa. Procura na internet e não importa em qual grande rede de cinemas você procure, mais de 80% das sessões do “horário nobre” do cinema são de filmes estadunidenses, de grandes estúdios como Warner, Marvel, ou, DC... Filmes de heróis para todos os lados, algumas comédias românticas para os casais mais animadinhos e um filme de ação que promete tudo e não entrega nada.


Reprodução: Anuário ANCINE - 2022 | Participação no total de sessões realizadas por nacionalidade da obra - 2018 a 2022

Enquanto isso, produtoras nacionais que conseguem produzir grandes sucessos dos streamings, sofrem para conseguir emplacar um filme nos cinemas. A riqueza da cultura nacional fica escondida nos piores horários, os horários de baixa da manhã e do meio da tarde, incluindo sessões canceladas por falta de público.


Grandes filmes nacionais, como Aquarius e Bacurau, aplaudidos de pé em Cannes, reinaram absolutos no circuito alternativo, como Cine SESC, Itaú Cultural e o até então Caixa e Petra Belas Artes – recentemente rebatizado REAG Belas Artes –, mas apesar do sucesso, passaram longe das grandes salas de redes instaladas em shoppings, por exemplo.

 

Agora, em uma reedição do decreto de “cotas de telas” criado em 2001 e que vigorou, apesar das alterações e desidratação, até 2021, responsável por impulsionar o mercado audiovisual, um dos setores que melhor emprega no Brasil, volta turbinado.


A cota de telas não é uma inovação brasileira e existe em grandes polos cinematográficos como Espanha, Coréia, Índia e Argentina, além do bloco europeu, em que são exigidos que, no mínimo, 50% dos filmes e programas de TV sejam europeus. Com a finalidade de fomentar o mercado audiovisual nacional essa lei também é responsável por proteger a identidade nacional de todos esses países.


Apesar do aspecto obrigatório que a lei traz, na verdade o que se está defendendo é o direito de escolha, hoje vetado pelos programadores dessas grandes salas que, visando apenas o lucro, possuem programações monotemáticas e limitam o poder de decisão dos consumidores ao impedir que eles escolham, por exemplo, assistir a uma comédia nacional como “Minha mãe é uma peça”, e sejam obrigatoriamente levados a assistir um cartaz monotemático.

 

O projeto de lei (PL) 3696 / 2023 – que versa sobre a obrigatoriedade da exibição comercial de obras cinematográficas brasileiras – junto ao PL 5.497/2019 – que prevê o estabelecimento de cotas mínimas de exibição de obras nacionais –, foram sancionados pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado da Ministra da Cultura Margareth Menezes, nessa segunda-feira (15 de janeiro de 2023) e foi publicada hoje, terça-feira, no diário oficial. A lei abrange cinema e TV e os percentuais mínimos de produções nacionais serão indicados anualmente, após entidades representativas dos produtores audiovisuais, distribuidores, redes de exibição e ANCINE serem consultados.


MEDIDA NECESSÁRIA:


Cena do filme "Medida Provisória" (Lázaro Ramos, 2020) | Em cena: Antonio (Alfred Enoch), Capitú (Taís Araújo) e André (Seu Jorge)

Segundo o anuário estatístico de 2022, divulgado pela ANCINE, os 20 filmes com maior bilheteria são todos estadunidenses. OS números mostram que essa diferença é fomentada pela falta de opções nacionais nas salas de cinema. Enquanto Turma Da Mônica – Lições, foi o filme mais assistido daquele ano, com 909 salas de exibição na semana de lançamento, enquanto o filme mais assistido do ano, “Doutor Estranho No Multiverso da Loucura” foi lançado em 2.537 salas na primeira semana.


E a diferença só se aprofunda, o quarto filme brasileiro mais visto, Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos e estrelado por grandes nomes como Seu Jorge e Taís Araújo, estrearam em apenas 240 salas do circuito nacional, enquanto o quarto filme mais vistos no ano foi Thor: Amor e Trovão e estreou em, nada a menos que, 2.192 salas.


Reprodução: Anuário AReprodução: Anuário ANCINE - 2022 | Títulos que ocuparam mais salas no peíodo de uma semana - Títulos brasileiros - 2013 a 2022NCINE - 2022
Reprodução: Anuário ANCINE - 2022 | Títulos que ocuparam mais salas no peíodo de uma semana - Títulos brasileiros - 2013 a 2022

Reprodução: Anuário ANCINE - 2022 | Títulos que ocuparam mais salas no peíodo de uma semana - Títulos estrangeiros - 2013 a 2022
Reprodução: Anuário ANCINE - 2022 | Títulos que ocuparam mais salas no peíodo de uma semana - Títulos estrangeiros - 2013 a 2022

No mesmo período, nos países em que as cotas de tela vigoram, Coréia do Sul, Índia, Japão, Rússia, Turquia e China, os filmes mais assistidos foram nacionais.


PEQUENAS MUDANÇAS E GRANDES NEGÓCIOS:


Além de melhorar o faturamento de bilheteria dos filmes nacionais e tornar a opção de filmes disponíveis no horário nobre aumentar, essa medida também deve fomentar outros negócios ligados ao cinema.


Se antes as marcas tinham receio de investir no “product placement” nos filmes nacionais, por terem um limitador de público, por conta das poucas salas de exibição, agora verão no cinema nacional uma alternativa de mídia de grande alcance e longuíssima duração, o que garante um retorno residual de marca permanente, por entrar em contato com seu público para sempre, pois, todas as vezes que o filme for assistido por alguém, seja no cinema, streaming ou TV, a marca impactará mais um potencial consumidor.


Essa medida deverá entregar às pessoas obras nacionais cada vez melhores e com mais recursos, à medida que o retorno das produtoras aumente e elas percebam oportunidades de ganhos, ao aumentar os investimentos em suas obras.


A vigência prevista para a nova lei é de 10 anos, com revisão anual dos percentuais mínimos.

 

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