Setor dá sinal positivo após lei renovar e estender validade das cotas de tela por 10 anos. Definição da cota reservada aos filmes nacionais, será revisada anualmente, podendo aumentar ou diminuir, de acordo com a leitura do mercado.
Em 16 de janeiro nosso formigueiro já havia repercutido a retomada de cotas de telas destinadas às produções do audiovisual nacional, um mecanismo de incentivo ao cinema local, empregado em diversos países do mundo, como Coréia do Sul, Índia, Argentina e até pela união europeia que exige 50% das telas dos cinemas dedicados aos filmes produzidos dentro do bloco.
No Brasil a exigência não é tão alta quanto no bloco europeu, porém, os primeiros resultados já são sentidos com robustez. Na repercussão da assinatura da lei, nós já havíamos mostrado que nem que quisessem, os filmes nacionais não conseguiriam performar, porque grandes estúdios internacionais, como a franquia Marvel, dominam a maior parte das salas, sobrando aos filmes nacionais o circuito alternativo e os piores horários dos cinemas comerciais, sempre com a desculpa de que os filmes nacionais não são rentáveis. Porém, bastou a reedição do decreto que abre espaço obras nacionais no circuito comercial, que a bilheteria nacional deu um salto de 2.200% (22x), relação a janeiro de 2022.
Esse aumento, além de contribuir significativamente para o faturamento direto do setor, também torna o cinema nacional mais atraente para os patrocinadores que apostam na estratégia de colocação de produtos e marcas em cena (product placement). É um produto de mídia em franca expansão, quando observado pela ótica da visibilidade e consequente valorização de marca.
Efeito direto da lei da cota de telas:
Essa não é a primeira vez que o país conta com uma lei de cota de telas, pelo contrário, a lei nº 14.814 desse ano (2024) rege a prorrogação da medida provisória nº 2.228-1 de 2001, que tinha vencido em 2021 e deixado um vácuo no setor que despencou 86,16%, de 13% de participação no mercado em seu último ano, para apenas 1,8% da bilheteria em 2022, primeiro ano sem a medida.
Mas, se a derrocada sem a lei foi rápida, a retomada com a renovação da medida foi tão rápida quanto, marcando 30,6% de participação de mercado (market share). Em janeiro de 2023 a participação dos filmes nacionais foi de 1,2%. A expectativa é que esse bom resultado se mantenha perene com a definição da cota móvel, que será definida ano a ano.
Além da cota de telas, a MP renovada também estabelece outras questões econômicas importantes da Política Nacional do Cinema que ajudam no desenvolvimento do setor no país, como por exemplo a exigência de 2/3 de profissionais, artistas e técnicos, brasileiros para que a produção seja considerada nacional e usufruir dos benefícios previstos nessa regulamentação.
A indústria cinematográfica ganha em crescimento, a população ganha em diversidade cultural e direito de escolha, as empresas patrocinadoras ganham com o aumento do retorno em visibilidade, a economia ganha com a geração de empregos qualificados e bem remunerados e o país ganha com o incentivo para que sua cultura seja gerada e mostrada no Brasil e no mundo.
Transparência e acompanhamento do mercado:
A ANCINE disponibiliza um painel interativo, com atualização semanal em que qualquer cidadão, sem necessidade de cadastro ou identificação pode acessar e acompanhar, com atualizações semanais, o desenvolvimento do setor no Brasil.
Na data de publicação dessa matéria, a participação de mercado de 2024 já variou positivamente para 32,5% dos ingressos vendidos, um crescimento de 2885% em relação às primeiras 5 semanas de 2023. mostrando que o público está disposto a apreciar o cinema nacional, se as redes comerciais disponibilizarem sessões em horários nobres, como a renovação da MP prevê.
Painel de Indicadores do Mercado de Exibição:
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